Eu era uma verdadeira guerreira! Sempre a correr de um lado para o outro à procura do melhor médico, terapeuta, especialista para ajudar o meu filho. Eu era uma verdadeira guerreira! Sempre a correr de um lado para o outro à procura da melhor escola, professora, explicadora para ajudar o meu filho. Eu era uma verdadeira guerreira! Geria a casa, a empresa, a família. Eu era uma verdadeira guerreira!
E se por um lado, ser uma verdadeira guerreira é magnífico, por outro, pode ser altamente destruidor. Porque uma verdadeira guerreira não gosta de parar. Não é esse o seu instinto! A guerreira, como o próprio nome indica, está sempre pronta para a guerra. O problema é que, no meio de tanta luta, foco e correria, se esse instinto não for bem gerido, pode acabar por matá-la e fazê-la perder a batalha final… Porque mesmo os guerreiros, antes de ser guerreiros, são pessoas com necessidades. E mesmo os guerreiros precisam de descansar para ganhar fôlego, encontrar novas estratégias, ter uma visão mais abrangente da situação… Mas eu não, não via as coisas dessa forma, se era para ser guerreira, era para ser guerreira! Parar era perder tempo. Parar?! Não fazia parte das minhas opções. E assim esta guerreira esqueceu-se de si. Cuidava de todos e não cuidava de si... E assim esta guerreira esqueceu-se de Olhar para o seu filho. Cuidava dele mas, na verdade, não o conhecia… Vivia simplesmente em piloto automático, preparada para a luta.
Quantas guerreiras existem por ai a viver assim?
Até que chegou o dia. O dia em que ele foi finalmente diagnosticado. E depois de uma série de anos, kms, horas, gastos, consultas e de um esforço quase sobre-humano para que o meu filho fosse da maneira que eu tinha inicialmente planeado, Rendi-me. Não, ele não ia ser nada daquilo que tinha sonhado, ou seja, Perfeito. Fácil, não? Escusava de andar a discutir com ele, de andar à procura de algo milagroso, de controlar, mandar, aconselhar, lutar…
Nesse dia, Rendi-me.
E foi estranho mas, quando a consulta terminou, senti algo inesperado. Uma emoção, por mim, desconhecida até então. Mais tarde, reconheci. Foi PAZ que senti. Sim, Paz. Acho que é esta a sensação que a Aceitação nos traz. PAZ. Eu tinha estado em guerra e não sabia. Uma guerra entre o meu EGO e a sua ESSÊNCIA. E quanto mais eu o pressionava para ser “aquela pessoa”, mais o seu comportamento piorava e mais a nossa relação se deteriorava.
Nesse dia, Desisti. Parei de lutar.
Larguei as armas, despi a armadura, sai do meu pedestal e decidi fazer uma coisa que há muito não fazia e que, com todos esses “procurares fora”, me tinha esquecido: SENTAR-ME AO SEU LADO, OLHAR-LHE NOS OLHOS, ESTAR EM SILÊNCIO E SIMPLESMENTE OBSERVÁ-LO. Foi como se o tivesse a observá-lo pela primeira vez. Livre das minhas crenças, expetativas, sonhos,… E fui à procura da causa….
Não foi fácil. Não estava habituada a parar, a ouvir, a estar. Só sabia correr, controlar, ordenar, mandar,…
Mas foi finalmente nesse dia que o Aceitei e que me tornei disponível para o Amar sem condições.
A seguir surgiram certas questões que me perturbaram mas que me “obrigaram” a mergulhar dentro de mim: “mas por onde é que raio é que eu tinha andado? porque é que tinha resistido tanto? porque não o aceitara?”
E a resposta surgiu tipo flecha. Rápida, certeira, sem avisos. E doeu. EU NÃO O ACEITAVA PORQUE QUERIA SER ALGUÉM ATRAVÉS DELE. Eu queria que ele fosse aquela pessoa que eu nunca tinha conseguido ser. Eu queria que ele cumprisse os meus sonhos. Eu queria que ele me mostrasse o quão perfeita era.
Doeu. Afinal aquela responsabilidade não era dele, era minha.
E tu, será que aceitas realmente o teu filho ou queres ser alguém através dele?
Se sentires que te posso ajudar, envia-me um email para carlapatrocinio33@gmail.com.
Um abraço apertado,
Carla Patrocínio