Filho – Mãe estou com medo e se tiver uma “branca” no teste?
Mãe – E se tiveres, qual o pior que te pode acontecer?
Filho – O pior é ter negativa no teste.
Mãe – E ?
Filho – Hum… acho que não vou ter nenhuma branca.
Este diálogo há uns anos poderia desenrolar-se e ter um fim muito diferente. A resposta à sua pergunta poderia ir desde negar o seu medo (Claro que não vais ter nenhuma branca!), ameaça-lo com castigos (Se tiveres branca não há IPad) até expandir o seu receio (Atenção no teste que podes chumbar o ano!). Afirmações “pólvora” para o desencadear da dita ansiedade.
Hoje em dia relativizo estas questões e tento sempre colocá-lo no pior dos cenários que para que ele perceba que afinal tudo está bem. E não pensem que o meu filho é um aluno com notas XPTO. É sempre tudo muito incerto: altos e baixos sem possíveis previsões. Mas há uns anos não o conseguia. O medo apoderava-se de mim: do que poderia acontecer no seu futuro. A minha mente construía uma série de cenários catastróficos: “ele ia chumbar!”, “ele não ia aprender”, “ele seria um adolescente com muitas dificuldades”, “ele seria um adulto muito infeliz” e blá, blá, blá …. E dessa forma – por medos meus – o meu filho começou a perceber que existiam razões para se preocupar, para também ter medo. E assim conheceu a Sra. Ansiedade.
E o exemplo que dei foi apenas uma das muitas situações em que o medo dominava a nossa relação. Existia uma pressão constante, que na altura não tinha consciência, que exercia ao meu filho pelas mais diversas razões.
A verdade e que vivia com medo, a antecipar futuros dantescos, a achar que a vida não era de confiança.
Posso dizer que, sem falsa modéstia, sou especialista neste assunto – da ansiedade. Porquê?
Porque se existe uma palavra que sempre se colou a mim desde tenra idade foi essa mesma: ansiedade. E claro que o meu filho como espelho fidedigno da sua mãe seguiu o seu exemplo. Os primeiros anos da sua vida existiu algo que desmascarou imediatamente esse padrão, para além da sua agitação e impulsividade – a sua gaguez. Teve quase 5 anos de terapia da fala até que um dia a terapeuta me disse que já não havia nada a fazer, que a sua disfluência era provocada pela ansiedade e que só quando fosse adulto e aprendesse algumas técnicas de relaxamento a conseguiria ultrapassar.
Comecei então a pesquisar qual seria a melhor forma de o ajudar: yoga, meditação, apoio psicológico, … Tentei um pouco de tudo mas não vi grandes alterações.
Só depois de um longo caminho – de muita procura por respostas – percebi. O ultrapassar daquela situação começava em mim: como poderia o meu filho deixar de ser ansioso se tinha uma mãe ansiosa? Se a pessoa que era o seu modelo vivia com um medo constante do futuro?
O olhar para as minhas feridas, o abraçar a minha criança, o perdoar os meus pais, o dar sentido à minha história, o reconhecer e aceitar quem sou com tudo o que sou, o saber desfrutar do momento presente – tudo isto me trouxe o que há muito (desde tenra idade) ansiava: paz.
Isto não quer dizer que agora seja um modelo de serenidade como vimos nos retiros da Índia, não. Continuo a ser aquela pessoa que era – agitada, expansiva, proativa – mas sem essa emoção que me corroía e me fazia tratar mal. A minha essência continua cá mas agora sou feliz!
Atualmente esse problema da gaguez do meu filho já não existe. E poderão perguntar-se, sendo eu facilitadora de mindfulness e meditação para crianças, se não lhe ensinei algumas práticas que aprendi nestas formações. Claro que sim, mas essencialmente foi o meu exemplo que ele seguiu. Ele viu que eu lhe estava a ensinar era congruente com o meu comportamento. Que não eram só balelas, entendem? As crianças têm de ver esta ligação entre boca e coração para realmente aprenderem.
Por isso, antes de quaisquer práticas para trabalhar a ansiedade com as crianças temos de olhar para nós e questionarmo-nos: somos ansiosos?
E atenção à resposta, porque se há pessoas que se notam a milhas que são, há outras que, por debaixo de uma capa de aparente calma, existe um verdadeiro furacão prestes a entrar em erupção.
Então a resposta à pergunta – “Como ajudar o meu filho ansioso?”
É simples: dando o exemplo.
Como podemos fazer isso?
Começando a trabalhar a nossa própria ansiedade.
Se te reveste neste artigo e estás disposta a iniciar este processo podes começar a pensar nestas questões e enviar-me um email com as respostas:
- Que situações parecem desencadear a minha ansiedade/ preocupação?
- Que situações me fazem sentir mais ansiosa?
- Como o meu corpo responde fisicamente a esta emoção? Observa!
- Na minha comunicação existem algumas palavras, frases ou gestos que demonstram ansiedade? Observa!
- Existe ansiedade na minha árvore genealógica? Como é que isso afetou a minha própria ansiedade?
O meu filho, Gui, de 11 anos de idade, às vezes, goza com as práticas de Mindfulness que tento transmitir-lhe mas depois presenteia-me com estas pérolas que me indicam: continua, é por aqui o caminho.
Gui – Mãe hoje uma amiga arranhou-me no ombro porque eu lhe disse que ela tinha cometido falta no jogo de basquetebol. Apeteceu-me mesmo bater-lhe.
Mãe – E o que fizeste?
Gui – Não lhe bati. Fiz aquela respiração que me ensinaste e que costumas fazer- a prática STOP – e consegui acalmar-me. Depois disse-lhe para não voltar a repetir.
E assim, através do meu exemplo, vai construindo um caminho com menos medo e mais confiança e capacidade de regular as suas emoções.
Mas tudo começa em nós.
E tu, como respondes ao teu filho quando ele faz alguma coisa que o pode levar ao fracasso – com ansiedade ou serenidade, com medo ou confiança?
A tua resposta a esta pergunta revelar-te-á se estás ou não a passar-lhe ansiedade.
Se quiseres dar continuidade a este processo e dar a volta à ansiedade do teu filho basta enviares-me um email para carlapatrocinio33@gmail.com.
E sim, é possível Confiar na Vida!
E sim, é possível ajudares o teu filho a Confiar na Vida!
Um abraço apertado da tua Coach Parental,
Carla Patrocínio
Boa noite.Como é que eu deteto ansiedade no meu filho? Eu sou um vulcão que entra em erupção quando repreende um dos meus três filhos logo na segunda vez!! Tenho que admitir que o problema sou eu!
Olá Ana, o que posso dizer-lhe é que é possível mudar!. Caso queira, pode agendar uma sessão comigo aqui: http://www.carlapatrocinio.com/agendar
Abraço, Carla
Boa noite Carla. Eu sou um pouco ansiosa, gosto de ter tudo organizado, limpo e por aí fora. Uma coisa que me irrita muito é ver o meu filho tempo infinito no computador iu no telemóvel a jogar, tenho de repetir vezes sem conta a mesma coisae isto desgasta-me e irritada, de manhã para e levanta é uma batalha.. ou seja é um menino do contra.gostava de (me; nos) ajudar a ser mais amorosa para ele. Muito obrigada pela atenção
Olá Liliana,
Grata pela sua pergunta. Desculpe a demora na resposta mas só agora vi a sua mensagem. Sensibilizou-me a descrição que fez de si, também eu era assim e sofria muito. A boa notícia é que é possível mudar!. As novas tecnologias são realmente um desafio para os pais. O que lhe quero dizer é que podem ser um ponto de encontro. O melhor é falarmos um pouco. Ofereço uma sessão gratuita para delinearmos um plano de ação. Caso queira pode agendar aqui: http://www.carlapatrocinio.com/agendar ou então ligar ou enviar mensagem para o 965456729. Abraço e espero pelo seu contato.