Já tinha desistido ou pelo menos adiado o sonho até que engravidei novamente sem saber muito bem como. Foi uma gravidez complicada. Perdi sangue várias vezes, estive meses de repouso em casa, fui internada 3 vezes.
Houve um dia por volta das 12 semanas de gestação que, depois de mais um episódio assustador, me agarrei à barriga e lhe perguntei do mais profundo do meu ser: “do que precisas?, o que queres de mim?”. E a resposta foi muito clara: “Respira, Confia, Ama”. Nesse momento Rendi-me.
Eu estava com medo. Medo de o Amar. Amar, depois de perder 3 vezes sem aviso, é como saltar de um penhasco sem pára-quedas. É mesmo aterrador. Um salto de fé. Mas foi com este mantra na cabeça e no coração que sobrevivi e me entreguei ao que viesse. Foi este ser que me ensinou o verdadeiro significado da palavra Confiança. Foi este ser que me ensinou que Agora, neste milésimo de segundo, está tudo bem. Foi este ser que me ensinou que o Amor Incondicional não quer saber do amanhã. Foi este ser que me ensinou que a honrar a natureza feminina. Foi este ser que me ensinou o saber receber.
É isto que os filhos fazem por nós. Os nossos filhos têm esta generosidade de nos indicar o caminho da liberdade se assim nos disponibilizarmos a sair do nosso pedestal.
Não sabia qual ia ser o desfecho mas fiz o que ele me pediu. Respirei, Confiei, Amei. Sempre que ia fazer uma ecografia ou que acontecia algo assustador acontecia era esse o mantra que repetia incessantemente.
Podia ter dado em maluca. Podia ter descompensado. Podia ter deprimido. Podia ter ficado doente. Nada disso aconteceu porque o meu bebé me salvou.
Só lhe fiz um pedido: que ele nascesse o mais rápido possível mas dentro do tempo de segurança.
Nasceu a 3 de janeiro de 2015 no dia que fazia 37 semanas. (será coincidência ?)
Não te entregues ao papel da vítima. Mereces melhor. Tu e o teu filho.
As perguntas são:
– Permito a mim própria ser levada para um lugar de Aprendiz na relação que tenho com o meu filho?
– Como posso ser uma mãe que olha para o seu interior, acolhendo tudo o que vem com amor e compaixão?
– Como posso ouvir a mãe sábia que existe em mim e cuidar de forma sagrada da relação que tenho com o meu filho?
– Atrevo-me a ir contra os paradigmas existentes e a ouvir a voz do amor (e não a do medo, do julgamento, da crítica)?
Hoje faz 3 anos. Umas vezes ainda tento controlar, umas vezes ainda quero ser perfeita, umas vezes ainda quero fugir, umas vezes ainda me esqueço de respirar … mas outras vezes vejo-me tão diferente do que era que eu própria não me reconheço. Gratidão ao meu filho mais pequenino que me fez redescobrir a mulher que há em mim.
Parabéns meu Mestre mais pequenino pelos teus 3 anos de vida.
Mãe querida, por muito que os tempos sejam difíceis, o teu filho é teu Mestre, sempre.
Se quiseres ir mais além, estou aqui.
Abraço,
Carla Patrocínio