“És burra, és burra, és burra, és burra…”, dizia a minha voz interior.
“Não vales nada, não mereces nada, ….” , continuava ela.
Não, não posso mostrar isso aos outros. Não posso. Vamos lá beber uns copos… vamos lá fazer umas compras… vamos lá comer porcarias… vamos lá fugir…
E aquilo até resultava durante algum tempo – mas, raio, merda, era efémero.
Depois nasceu o meu primeiro filho. E a grande esperança!
Era ele, era ele, que ia provar que não era o que pensava ser, era ele que ia preencher o tal vazio. Ele ia ser o melhor! O melhor em tudo!
Ele ia ser o agente responsavél por finalmente provar que a minha voz interior estava errada. E durante uns tempos até aconteceu isso. Nasceu perfeitinho: lindo, gordinho, fofinho … tudo conforme as minhas expectativas…
Até um dia… que ele escangalhou e destruiu por completo o que tinha planeado.
Mas abdicar deste sonho não foi fácil . Chorei tanto… Tive tanta raiva… Ainda tentei pressioná-lo para ser conforme o que sonhei inicialmente… mas não, o miúdo desfiava-me cada vez mais. Era uma batalha, uma verdadeira batalha!
“Porquê? Porque é que não podia ser tudo mais simples?” – indignava-me, enraivecia-me, vitimizava-me.
E ele, a partir da sua postura que me parecia desafiante e indiferente, comunicava-me: “Estás a depender de mim para gostares de ti? Não Mãe, eu não tenho essa missão, vais ter ser melhor do que isso.”
Resisti, resisti, resisti, resisti mas ele não me dava tréguas.
Suspiro longo… e finalmente percebi: vou ter que encontrar outro meio de lá chegar – ao amor-próprio.
A responsabilidade não era dele, era minha, o peso que estava a colocar em cima de uma criança…
Naquela altura não tinha consciência, não tinha, e fiz o melhor que pude.
Mas a partir do momento em que ganhei a dita não me restou outra saída: tive de ir … tive de ir à caverna … não me sobrou outra hipótese…
Os desafios, as teimosias, os comportamentos dos nossos filhos como reagir?
Dói muito ao princípio.
Dói, dói, dói. Tu querias que ele fosse diferente. Não era isto que tinhas planeado.
Perguntas muitas vezes: mas “porquê eu? porquê a mim?”
Depois há uma encruzilhada e tens que decidir:
– ou ficas no teu “pedestal”, com as tuas crenças habituais e te desconectas do teu filho;
– ou paras, segues o teu instinto e vais à procura de respostas. Aqui não há rede, estás perdido e, às vezes, sozinho. (No meu caso, tinha a Maria.)
Eu escolhi a segunda opção. E tu?
Continua a doer. Custa. Não é fácil. Não é nada fácil. Não tens certezas de nada. Aqui pões tudo em causa, inclusive o que pensas que és. Chegas a perder a tua identidade ou pensas tu. Mas pelo teu filho vais.
Durante um tempo andas à deriva. Mergulhas até aqueles locais sombrios do teu ser, revisitas lugares que pensavas já esquecidos, feridas que pensavas já saradas. Mas pelo teu filho vais.
Às vezes ficas farta de conviver com esses fantasmas, gostavas de voltar a ser quem eras dantes mas já não dá. Já não dá para voltar atrás. Dói mas pelo teu filho vais.
Muitas vezes parece que estás no meio de uma tempestade em pleno mar alto. Daquelas mesmo escuras e assustadoras, com tufões à mistura. Para conseguires sobreviver só te resta flutuar que é como quem diz: confiar. Em quê? Não sabes. Só te resta mesmo isto: confiar. Confiar no que vier, independentemente do que for. Mas pelo teu filho confias.
E é então que, sem nada onde te agarrares, começas a fazer algo que nunca fizeste: ouvir o teu coração. E este Senhor diz-te o caminho a fazer. De vez em quando achas que não faz sentido (o raio da mente) mas o sentido habitual deixa de ter lógica e pelo teu filho ouves.
O teu filho e os seus desafios…
Se estiveres recetivo e atento
Ele leva-te a lugares nunca antes pensados.
Ele encaminha-te para rumos nunca antes equacionados
Ele traz-te presentes nunca antes desembrulhados
E sem querer, pum: estás mais próximo daquilo que és. Da tua Essência, da tua Verdade.
É o meu desejo para ti: que te aproximes mais de quem és realmente. Que sejas mais e mais Verdade. Dói mas pelo teu filho vai! É que chega uma determinada altura do caminho que já não é pelo teu filho que vais: é por ti. E isso é brutal!
O que eu te quero dizer: que está na hora, está na hora, de não responsabilizares mais o teu filho pelo que queres, pelo que sentes, pelo teu amor-próprio.
O teu filho desafia-te? Que caminho vais escolher: vais ficar no teu “pedestal”, com as tuas crenças habituais, desconectando-te dele ou vais parar, seguir o teu instinto, e procurar novas respostas? A chave para uma relação mais harmoniosa com o teu filho está na tua mão.
Está na hora, está na hora, de construíres uma relação autêntica com o teu filho. A oportunidade é Agora!
Se escolheres a segunda opção envia-me um email para carlapatrocinio33@gmail.com e requisita uma sessão introdutória de 1H comigo via skype ou telefone para conversarmos sobre isso.
Um abraço consciente,
Carla Patrocínio
Coach Parental, Especialista em Famílias Agitadas