Que sentido dás à tua história?

Hoje quero contar-vos uma história.

CAPÍTULO 1

Era uma vez uma menina.

Uma menina intitulada de “difícil”, “inconveniente”, “problemática”, “desafiante” e por ai fora.

Como tinha muitas dificuldades em gerir as suas emoções e reações a menina cresceu a pensar que tinha um problema qualquer. Que não tinha potencial, dom, talento. E sentia-se muito triste com isso.

CAPÍTULO 2

Calculam como foi a fase da adolescência? Seria demasiado perturbador para os mais sensíveis por isso abstenho-me de entrar em pormenores. Posso dizer que a jovem fugiu. Fugiu do mundo do sentir. Era rebelde. Queria chocar o mundo.

CAPÍTULO 3

A menina cresceu e teve um filho. A dificuldade em lidar com as suas emoções, reações, impulsividades continuava e por isso o que aconteceu a seguir foi muito desafiante.

Os problemas começaram quando o seu filho tinha 2 anos e pouco. Já devia falar e não dizia uma única palavra. Não obedecia a nenhum pedido. Não parava um único momento.

Com 3 anos as queixas continuam e vai à primeira consulta com o pediatra de desenvolvimento. Recomenda-lhe terapia da fala. Ela estupefacta pergunta: “Como? Se ele não pára quieto!” Resposta: “Medica-o com risperdal.”

Vai à internet, pesquisa sobre o assunto: “A sua principal indicação é para o tratamento de sintomas psicóticos, especialmente os pacientes esquizofrênicos que não melhoraram com outras medicações anti psicóticas.” O QUÊ? Fica em choque. Ele tem 3 anos.

Começa o seu desespero. Procura outros médicos. Pesquisa, liga, pede opiniões, vai a várias consultas. Após uma procura intensa consegue finalmente encontrar uma pediatra de desenvolvimento que a inspira: calma, serena e equilibrada.

Nesse momento o seu objetivo é encontrar os especialistas certos para que o seu filho possa ultrapassar as suas limitações. Resumindo e baralhando o seu menino tem consultas regulares de: pediatria, pediatria de desenvolvimento, terapia da fala, otorrinolaringologia e oftalmologia.

Vários despistes. Vários anos de sofrimento, de incógnita, de desespero, de confusão, de turbulência.

Chega aos 6 anos. A pediatra de desenvolvimento, que o acompanha há 2 anos, diz ter chegado o momento de saber. As suas palavras são: ele tem perturbação de hiperatividade e défice de atenção. Na sua opinião, devia começar já a tomar medicação e ver se fazia efeito.

Nesse momento fez uma escolha. Decidiu ouvir a mãe sábia que havia em si. Não sentiu que fosse por aí o caminho. (Existirão outras verdades, esta é a sua, acreditemos nas mães sábias). Decidiu mergulhar em si: porque é que esta situação lhe tirava tanto do sério? porque é que os comportamentos do seu filho mexiam tanto consigo? como podia ajudar o seu filho? Foi à procura. Decidiu começar pelo princípio: olhar para si e começar a estudar sobre como educar com o coração.

Este filho levou-lhe a dar o primeiro mergulho em si.

CAPÍTULO 4

Estava mais centrada, equilibrada, ponderada. Decidiu ter outro filho. Teve 3 corações que ouviu bater dentro de si e que passado um tempo, sem avisar, pararam. Foi duro, visceral, um murro no seu coração. Ao final do segundo, a dor dilacerou-a por completo e não aguentou: ou tomava comprimidos para a depressão ou dava mais um mergulho. Fez uma escolha e decidiu submergir por completo. Retiro da sombra. Desta vez uma imersão bem profunda.

CAPÍTULO 5

Foram anos de descida. Anos de sombra. Anos a olhar para aquelas partes suas que sempre escondera, até de si própria. Aquelas partes que a envergonhavam. Aquelas partes suas de que sempre fugira.

Foram anos a estudar. Sobre Educação, Comunicação, Atenção, Presença, Amor Incondicional. Sobre vínculo entre pais e filhos.

Foram anos de dor mas também de renascimento.

CAPÍTULO 6

Engravidou mais uma vez.  Não sabia o que ia acontecer. Foram 37 semanas de mais um mergulho mas desta vez diferente. Existia algo de confortável nesse mergulho. Desta vez foi um mergulho a viver no agora. De entrega, de rendição, de presença. Porque decidiu amar sem saber o que iria acontecer.  Um salto de fé. A 3 de Janeiro de 2015, depois de um longo caminho, de estar de repouso em casa, internada, a perder sangue, nasceu o seu segundo filho. Este ensinou-a a confiar, a dar-se colo, a saber receber.

CAPÍTULO 7

Um dia, depois deste olhar intenso em si que os seus filhos lhe trouxeram, percebeu: afinal não tinha nada de mal.  Afinal era Imensa, tal como tu, tal como o teu filho.  O olhar (para o que nunca quis olhar) trouxe-lhe algo que nunca pensara: o amor por si.

CAPÍTULO 8

A criança difícil, a adolescente rebelde, a jovem adulta reativa, impulsiva, descontrolada deu lugar a uma nova pessoa. Não. Ela não mudou. Na essência continua a ser a mesma mas agora sabe quem é e sente-se bem com quem é. Continua a ser imperfeita. Como mãe, amiga, filha, companheira, … comete erros. Mas agora não se castiga quando isso acontece. Dá-se colo e procura ajuda, se assim o sentir.

CAPÍTULO 9

A criança difícil, a adolescente rebelde, a jovem adulta reativa, impulsiva, descontrolada, já deves calcular, sou eu. Hoje em dia sou Coach Parental e ajudo pais e filhos a desbloquearem todo o seu potencial. Mães, pais, filhos. Precisam de colo, de um olhar sem julgamentos. De alguém que os ajude na sua jornada de procura por ligações verdadeiras, autênticas, conectadas. Porque sei que apesar do medo, para além do medo, existe Amor. Porque sei que para além do medo, existe Paz.

PORQUE CONTEI A MINHA HISTÓRIA ?

Contei porque observo. Mães cansadas, esgotadas, perdidas. Em sofrimento. Pais que se escondem, fogem, fingem não ver. Em sofrimento. Mas a minha grande dor: filhos perdidos, sozinhos, desnorteados, alheados, revoltados. Em sofrimento. E eu sei o que é estar nesse lugar. Eu sei. A minha criança e adolescente sabe bem. Hoje deita para o lixo a mentalidade que te diz que o teu filho te está a testar os limites, a faltar-te ao respeito, a ver até onde pode chegar. Esquece isso. Hoje vai mais fundo: dá sentido à tua história – o que será que o teu filho te quer ensinar? o que ele já te ensinou? O crescimento é feito em conjunto se assim o desejares. Ligados pelo coração.

Não tem sido fácil lidar com os desafios que os meus filhos me trouxeram mas agora sei que o caminho que me apresentaram foram oportunidades. Oportunidades de crescimento, empoderamento, renascimento. Se sofri? Muito. Se tivesse escolha, teria passado por isto? Não, não tinha. Se agora sou mais feliz, inteira, humana, grata, confiante? Sim, sou.

E sabes porquê?

Aquela menina, aquela criança, descobriu que afinal tinha um grande potencial.

E ao desbloquear o meu potencial, desbloqueei o do meu filho.

Hoje quero que dês um sentido à tua história…

O teu filho precisa de ti.

Se não conseguires fazer isto agora sabe que tens uma escolha: podes encontrar esse sentido. Se quiseres ajuda, dou-te a mão.

Abraço imenso da tua Coach Parental,

Carla Patrocínio

4 respostas para “Que sentido dás à tua história?”

  1. Sim quero ajuda! Tenho dois filhos c 17 e 21 q sofreram uma separação da pior maneira! Não consigo esquecer 22 anos de um casamento supostamente feliz e que acabou da pior maneira. Uma mulher acabou com esse casamento e afastou o pai dos filhos q desde julho nunca mais teve um contato para eles. Tenho os meus filhos q faço tudo por eles e sinto neles uma grande revolta e instabilidade. Não sei q fazer por vezes falta me forças e coragem!

  2. Bom dia. A sua história de vida não é bem igual à minha, mas no fim, tem semelhanças. Eu fui uma criança sem problemáticas, cresci, formei família e tive um filho. O sonho de qualquer Mulher que quer ser Mãe. Até aqui tudo certo. O meu filho até aos 5/6 anos também não deu problemas de maior, mas ao iniciar-se na escola, tudo deu uma volta. Só aos 13 anos, e depois de muita procura entendemos o porquê de nos dar tanta insegurança como pais a nível escolar. Era TDAH, com predominância na hiperactividade. Foi acompanhado por neuropediatra, por psicólogos (que nunca gostou) e medicado com Ritalina, e foi crescendo. Além disso, descobriu-se que tinha défice auditivo, e foi operado aos 2 ouvidos com resultados surpreendentes aos 16-17 anos. Julgámos que tinhamos tudo controlado, enganámo-nos. Porque foi depois dos 18 anos que começaram os maiores problemas, quando o neuropediatra lhe deu alta e achou que tinha toda a bagagem para ser um adulto “normal”; por volta dos 21-22, iniciou os relacionamentos amorosos, e tem sido desastre atrás de desastre e com consequências muito nefastas na nossa vida. Aos 29 anos, tem 2 filhos, 1 menino de 6 anos, e 1 menina de 4 que está entregue a nós por tribunal; A vida dele não cresce, os empregos não os segura e sempre por causa das mulheres que escolhe para a sua vida. Há cerca de 6 meses esteve bastante mal com depressão e exaustão profunda, pelo fim de mais um relacionamento. No entanto, continua sem ouvir os conselhos que nós pais lhe damos. Ou estamos a favor do que ele pensa, ou somos contra ele. Por vezes tem mesmo explosões de descontroladas de raiva. Já não sei o k fazer….

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