Como?!! Como é que o meu filho me podia tirar tanto do sério?
Emoções fortes chegavam, obrigando o meu corpo a reagir. E assim insurgia-me, sem pensar nas consequências a longo prazo. Reações automáticas, impulsivas, agressivas: gritos estridentes, palavras ameaçadoras, olhares reprovadores, comentários despropositados,…
A seguir à tempestade, ao transbordo emocional, vinha a acalmia. E a minha consciência não perdoava – aquilo magoava-o, debilitava-o, menorizava-o. Aquela vozinha era chata e incómoda: “Mas que exemplo estás a dar?, “É esse o modelo que queres ser para o teu filho?”.
E depois, o que se passava?
Era mergulhar para um poço escuro: chegava a culpa, a tristeza, a vergonha.
Às vezes pedia – lhe desculpa; outras tentava convencer-me de que ele era o culpado; outras fugia, ocupando-me com um entretenimento qualquer. A seguir, perdoava-me e prometia que ia mudar, que da próxima vez ia ser diferente, …. Da próxima vez é que era! Até que me esquecia… e, aqui, a vida até era simpática para comigo: o seu ritmo acelerado permitia-me ocupar a mente com outras coisas – metas, objetivos, problemas – e abandonar facilmente o sucedido.
Mas era mentira. Quando o seu comportamento me desafiava, voltava a acontecer o mesmo. Não conseguia fazer nada de diferente. O meu filho era capaz de virar-me do avesso, de despoletar o pior de mim.
Porquê? Porque é que eu não conseguia mudar?
Tentei muitas vezes – mas era um círculo vicioso sem fim à vista.
O seu comportamento acabava sempre por me levar a ter a reação que tanto prometera nunca mais acontecer.
Este círculo vicioso desgastava-me, colocando a minha autoestima em causa, mas não conseguia sair.
E cheguei a uma determinada altura que me conformei.
Sim, resignei-me.
(e , aqui entre nós, dava muito trabalho mudar, não tinha tempo nem dinheiro para isso)
Até ao dia. Até ao dia que percebi que já não era mais possível adiar, esconder, apagar aquele assunto. Nesse momento “dei um murro na mesa”. Não! O meu filho não tinha culpa que eu não me soubesse controlar, ele não era o meu “saco de boxe”, ele era o MEU filho, que eu dizia amar incondicionalmente. Prometi: ia fazer tudo ao meu alcance para agir em conformidade com aquilo que eu sentia que era o melhor para ele.
Foram várias os caminhos que segui: Educação Transpessoal… Mindfulness … Parentalidade Consciente… Estes cursos permitiram-me não só adquirir conhecimentos teóricos mas, principalmente, trabalhar o meu autoconhecimento e apreender a regular as minhas emoções. Foram anos, para mim, muito enriquecedores e curadores – e, claro, isto espelhou-se no meu filho de forma muito positiva.
Digo-te, por experiência própria, – vinda de uma pessoa que tinha muitas dificuldades em regular as suas emoções, que explodia muito facilmente, que pensava que era quase impossível mudar – é possível! É possível sair desse círculo vicioso. Dá trabalho, claro: tens de ser paciente, persistente, corajoso, humilde, compassivo, mas é a melhor viagem que podes fazer.
Mas como materializar isto? Como podes reagir de uma forma mais serena? Qual é o ponto de partida para reagires de acordo com as intenções da mãe/ pai que queres ser?
Vamos começar pelo princípio.
O primeiro passo é saberes quais são as tuas intenções:
- Qual é a tua intenção, enquanto mãe/pai? Que mãe/pai queres ser?
Atenção! Para responderes a esta questão não é para o teu filho que tens de olhar, é para ti: o que tu podes fazer – que passos/exemplos/palavras/ações/ gestos – para ajudar o teu filho a ser aquilo que tu gostavas que ele fosse? És o exemplo.
A minha intenção é dar-lhes todo o meu AMOR. E a partir desta palavra surgiu:
A de Aceitação – aceitar-me e aceitá-los tal como são. Libertar-me das minhas expetativas.
M de Minfulness – Observar-me e observá-los sem julgamentos e com compaixão. Estar presente e atenta às suas e minhas necessidades.
O de Otimismo – Confiar que tudo o que nos acontece é para o nosso crescimento. Libertar-me dos medos e ansiedades. Focar-me no positivo e confiar no Universo.
R de Respeito – Respeitar as suas ideias, opiniões e sonhos tal como gosto que eles respeitem as minhas.
Fiz as minhas intenções há uns bons anos e afixei-as no meu frigorífico. Sabes porquê? Para me voltar a realinhar nos momentos mais desafiantes, nos momentos em que me descentro. Sim, porque as intenções não são meras metas que consigas a todos os momentos atingir. As intenções são o teu Norte – por onde te orientas sempre que te perdes no caminho.
O próximo passo:
- Como podes reagir de acordo com as tuas intenções?
Aqui é, como se costuma dizer, que “a porca torce o rabo”, não é?
É tão fácil sermos levados pelas nossas emoções…
Mas é simples: basta criar um espaço entre emoção (que te surge quando o teu filho tem um comportamento que te desafia) e reação.
Já dizia V. Frankl, um reconhecido médico psiquiatra:
“Existe um espaço entre estímulo e a resposta. Nesse espaço, reside a capacidade de escolhermos a nossa resposta. E nessa resposta estão o nosso crescimento e a nossa liberdade”
Como conseguir criar esse espaço e responder aos nossos filhos de uma forma que esteja de acordo com as nossas intenções – como aceder a essa liberdade?
Respondes ao teu filho de uma forma que te leva a sentir culpa, vergonha, tristeza mas não consegues libertar-te desse círculo vicioso? Observas que existe uma discrepância entre as tuas intenções e as tuas reações?
Deixa-te de te conformar, é possível mudar. Com Amor. Pelo teu filho mas antes de tudo: por ti. Vem, dou-te a mão
Se sentires que te posso ajudar envia-me um email para carlapatrocinio33@gmail.com.
Um abraço apertado da tua Coach Parental,
Carla Patrocínio